Favorito na eleição do Panamá pede ajuda de Trump para fechar Darién

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Eleições em países pequenos não costumam atrair a atenção da comunidade internacional, mas o pleito presidencial no Panamá, que será realizado neste domingo (5), ganhou um componente especial porque o líder nas pesquisas, José Raúl Mulino, do partido conservador Realizando Metas, fez a promessa de fechar a Selva de Darién, um dos focos da atual crise migratória nas Américas.

Localizada entre a Colômbia e o Panamá, é considerada a selva mais perigosa do mundo porque, além dos riscos naturais da região, o chamado Darién Gap (veja infográfico abaixo) é controlado pelo crime organizado, que fatura centenas de milhões de dólares por meio de cobranças pela travessia e extorsões.

Além disso, grupos armados costumam assaltar migrantes que
passam por Darién a caminho dos Estados Unidos, e assassinatos, sequestros e
estupros são frequentes.

Em 2023, foi registrado um número recorde de migrantes
atravessando a selva, com 520.085 pessoas, sendo que mais da metade (328.650
pessoas) foram venezuelanos tentando fugir da crise econômica, social e humanitária
gerada pelo chavismo.

Cidadãos de outras nacionalidades que fizeram a travessia incluem haitianos, chineses, afegãos, nepaleses, camaroneses e angolanos.

“Vamos fechar Darién e repatriar todas essas pessoas da
forma correta, respeitando os direitos humanos”, declarou Mulino em abril.

“A fronteira dos Estados Unidos, em vez de ser no Texas,
mudou para o Panamá. Portanto, temos que fazer um trabalho trilateral [entre os
Estados Unidos, a Colômbia e o Panamá] e eles têm que entender que o Panamá não
é um país de trânsito para imigrantes”, acrescentou.

Ele brincou que, se Donald Trump retornar à presidência dos
Estados Unidos, pedirá que o republicano lhe “jogue uma pá cheia de cimento”
para construir outro muro na selva.

Mulino foi ministro da Segurança de Ricardo Martinelli,
presidente do Panamá entre 2009 e 2014 e que era candidato novamente no atual
processo eleitoral.

Entretanto, Martinelli, que havia sido condenado a dez anos
e seis meses de prisão por lavagem de dinheiro, se tornou inelegível depois que
a Suprema Corte do Panamá rejeitou seu recurso, em 2 de fevereiro.

Apesar de integrar um partido conservador, Martinelli se refugiou na Embaixada da Nicarágua, país governado pelo ditador de esquerda Daniel Ortega, em 7 de fevereiro, alegando que é vítima de perseguição política.

Mulino, que era seu candidato à vice-presidência, assumiu a campanha
e lidera as pesquisas, bem à frente dos seus perseguidores mais próximos.

Apesar do apoio de Martinelli, que recentemente divulgou um
vídeo gravado na embaixada nicaraguense pedindo votos para Mulino, este
prometeu que não dará indulto ao seu padrinho político caso seja eleito no
domingo.

“Primeiro, não posso dar indultos em situações assim. Segundo, o que ele [Martinelli] quer é uma revisão do seu processo junto à Justiça e poder deixar clara sua inocência e demonstrar que todo esse julgamento foi uma farsa para deixá-lo de fora da corrida eleitoral”, disse Mulino. (Com Agência EFE)

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