Queda do dólar supera 2% com desidratação da PEC da Gastança

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A perspectiva de uma desidratação da PEC na Câmara tem impulsionado o sentimento de maior apetite por risco dos agentes financeiros

Lucas Bombana
São Paulo, SP

Após iniciar a sessão sem uma clara tendência definida, o dólar se firmou no campo negativo frente ao real nesta terça-feira (20), com investidores de olho na tramitação da PEC da Gastança.

A perspectiva de uma desidratação da PEC na Câmara tem impulsionado o sentimento de maior apetite por risco dos agentes financeiros, com forte queda do dólar e alta da Bolsa.

Por volta das 13h20, a moeda americana desvalorizou 2,2%, a R$ 5,1850 na venda, com o mínimo do dia em R$ 5,1760.
“O mercado está reagindo a uma perspectiva de desidratação da PEC na Câmara”, disse à Reuters Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital. “Então vejo uma forte entrada de investidores tanto para bolsa como para renda fixa”, o que ajudou a apoiar o real, acrescentou o especialista.

“Ainda temos juros muito atrativos e muito acima dos europeus, norte-americanos e do resto do mundo, então o investidor, sentindo algum nível de segurança e conforto, vem mesmo pra cá em busca de oportunidades”, completou Bergallo.

Na Bolsa de Valores brasileira, o índice Ibovespa voltou a se descolar dos pares no exterior e registrou alta de 2,5%, aos 107.342 pontos.

Entre as maiores altas do dia, os varejistas têm um novo dia de destaque positivo, com ganhos de 7,6% da Via e do Magalu e de 7,3% da Americanas, com investidores aproveitando os preços ignorados depreciados após as quedas das últimas semanas.


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Aliados do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tentam nesta terça aprovar a PEC da Gastança mesmo com dificuldades para um texto de consenso e em meio a mal-estar com parlamentares gerados por decisões do STF (Supremo Tribunal Federal).

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), marcou para as 9h do início do jogo de decisão. Petistas que querem que a proposta seja seguida logo, mas tentam buscar um entendimento sobre os termos da PEC antes que ela vá efetivamente a voto.

No domingo, o ministro Gilmar Mendes decidiu que a manutenção no próximo ano do Auxílio Brasil pode ocorrer pela abertura de crédito extraordinário e que essas despesas não se incluem nos limites do teto de gastos. No governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o benefício voltará a se chamar Bolsa Família.

“Na prática, Mendes apenas permite que o Bolsa Família não fique sujeito ao teto em caso de descumprimento das regras de arcabouço fiscal”, disse Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.


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“O impacto fiscal tende a ser menor que o da PEC de Transição ao se restringir ao Bolsa Família de R$ 600/mês, mas ainda é preciso compreender melhor os detalhes da medida e como isso afeta a tramitação do projeto na Câmara”, aponta. os analistas da XP.

“Numa primeira leitura, o governo eleito saiu fortalecido no embate de sucesso com o Congresso, o que aumentou o apetite ao risco e a curva dos futuros juros cedeu. Nada melhor para as empresas do setor de varejo, já que mostraram elevado desconto”, disse João Frota Salles, analista da Senso Investimentos em nota.

Sanchez, da Ativa, avalia que, econômica, a decisão do ministro do STF é melhor que a PEC da Gastança, pela avaliação de que o impacto seria restrito aos R$ 150 bilhões do Bolsa Família apenas por um ano.

Segundo os economistas da Ativa, a medida amplia a expectativa sobre a aprovação da PEC nesta terça.
O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta segunda que a negociação do governo eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o Congresso Nacional pela aprovação da PEC continua, apesar da decisão do ministro do STF.


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“A negociação permanece, é importante para o país apostar na boa política, na negociação, na institucionalidade para a gente dar robustez para a política econômica que vai ser anunciada e que vai aplacar os ânimos e mostrar que o Brasil vai estar no rumo certo a a partir de 1º de janeiro”, afirmou.

Ainda nesta segunda, o STF declarou a inconstitucionalidade das emendas do relator. O placar foi de 6 votos a 5 pela derrubada do mecanismo.

O anúncio de novos membros da equipe econômica do ministro da Fazenda do governo eleito também segue no radar dos agentes financeiros nesta semana.


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O futuro ministro da Fazenda anunciou nesta segunda-feira (19) a subprocuradora-geral da Fazenda Nacional, Anelize Lenzi Ruas de Almeida, para o comando da PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional) do governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva ( PT).


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Na última terça-feira (13), Haddad já havia anunciado dois nomes de seu secretariado. O ex-banqueiro Gabriel Galípolo será o secretário-executivo da pasta, o segundo cargo mais importante do ministério, e o economista Bernard Appy ocupará uma secretária especial para a reforma tributária, área na qual ele é especialista.

Ainda entre os destaques da sessão, as ações Boa Vista dispararam ao redor de 47% nesta segunda-feira, após a empresa de serviços financeiros e de crédito receber uma proposta da norte-americana Equifax para combinação de negócios.

Nas Bolsas dos Estados Unidos, os principais índices de ações continuaram a registrar queda, dando continuidade à trajetória de baixa da semana anterior.
O S&P 500 recuou 0,90% e o Nasdaq cedeu 1,5%, enquanto o Dow Jones caiu 0,5%.
Na semana passada, os mercados globais acumularam perdas na esteira na esteira das sinalizações transmitidas pelas autoridades globais, indicando um cenário à frente com novas altas de juros para combater a pressão inflacionária persistente.

“A semana dos bancos centrais trouxe para parte do mercado um sinal amargo de que as políticas monetárias devem sim permanecer contracionistas, apesar dos sinais recentes de redução de pressão e atividade econômica”, disse Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

Embora tenha reduzido o ritmo de alta dos juros de 0,75 ponto percentual nas últimas reuniões para 0,50 ponto no encontro desta quarta, o banco central dos EUA (Federal Reserve) disse que espera aumentar ainda mais a taxa básica de juros e que deve manter-la elevada por mais tempo do que o previsto anteriormente, sinalizando que seus esforços para conter a alta provavelmente significarão um crescimento maior no desemprego e uma possível recessão.

Na Europa, o sentimento de aversão ao risco também predomina, depois que o BCE (Banco Central Europeu) aumentou as taxas de juros pela quarta vez consecutiva nesta quinta-feira, embora em magnitude menor do que em suas duas últimas reuniões.
O banco central dos 19 países da zona do euro aumentou a taxa de juros que paga sobre os depósitos bancários de 1,5% para 2%, afastando-se ainda mais de uma década de política monetária ultrafrouxa.

Ainda assim, a decisão marcou uma desaceleração no ritmo de aperto depois de altas de 0,75 ponto percentual em cada uma das duas reuniões anteriores do BCE, que prometeu novos aumentos e apresentou planos para drenar dinheiro do sistema financeiro como parte de sua luta contra a independente.

“O Conselho do BCE considera que as taxas de juros ainda terão que subir significativamente a um ritmo constante para atingir níveis suficientemente restritivos para garantir um retorno oportuno da compensação à meta de 2% a médio prazo”, disse o BCE.

A autoridade europeia também elevou suas projeções de influência para a zona do euro e disse que o crescimento dos preços permaneceria acima de sua meta de 2% ao longo de um horizonte de projeção que agora se estende até 2025
O banco agora vê a salvaguarda no bloco em 6,3% no próximo ano, em comparação com as expectativas de 5,5% realizadas em setembro.

Sua previsão para 2024 foi aumentada de 2,3% para 3,4% enquanto que, em sua primeira estimativa para 2025, o BCE vê a trinta por cento.

Ao mesmo tempo, o crescimento econômico sofrerá muito no próximo ano como resultado da guerra na Ucrânia, especialmente por seu impacto nos preços da energia.

O BCE vê agora o crescimento do PIB em 0,5% no próximo ano, em comparação com os 0,9% previstos em setembro, enquanto que em 2024, está previsto um crescimento inalterado de 1,9%. Em 2025, o BCE prevê um crescimento de 1,8%.

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