Ortega ironiza nicaraguenses de quem retirou nacionalidade
O ditador Daniel Ortega reapareceu em um evento público após
quase dois meses e aproveitou a ocasião para ridicularizar oposicionistas declarados
apátridas por ele e que tiveram que deixar a Nicarágua.
Segundo o jornal Confidencial, durante um evento de
homenagem pelo nonagésimo aniversário da morte de Augusto Sandino (líder
guerrilheiro que inspirou a criação do sandinismo) na capital Manágua na
quarta-feira (21), Ortega mencionou as 317 pessoas que tiveram sua
nacionalidade retirada pela ditadura em fevereiro do ano passado por “traição à
pátria”.
Num trecho da sua fala, o ditador fez referência aos 222 integrantes desse grupo que foram expulsos para os Estados Unidos. “Aqueles que deixaram de ser nicaraguenses agora estão nos Estados Unidos, agora eles são ianques, devem se sentir muito felizes por serem ianques”, disse Ortega.
Em fevereiro do ano passado, a Nicarágua retirou a nacionalidade de 317 nicaraguenses, entre eles, os escritores Sergio Ramírez e Gioconda Belli, os bispos Rolando Álvarez e Silvio Báez, o ex-comandante revolucionário Luis Carrión, a ex-guerrilheira Dora María Téllez, a veterana defensora dos direitos humanos Vilma Núñez e o jornalista Carlos Fernando Chamorro, entre outros, todos críticos do regime de Daniel Ortega.
O ditador também ironizou nesta quarta-feira 110 nicaraguenses
que foram acolhidos pela Espanha após serem declarados apátridas entre maio de
2023 e o mês passado.
“Outros estão na Espanha, sentem-se espanhóis, estão muito
felizes por serem espanhóis, devem até falar como os espanhóis”, afirmou,
imitando o sotaque espanhol.
“É assim, é um princípio elementar, quem trai o seu país deixa de ser desse país, deixa de ter pátria e por isso são chamados de apátridas”, ironizou Ortega.