Líbano: brasileiro diz que situação é terrível e espera guerra total

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O empresário libanês naturalizado brasileiro Bassam Haddad, de 67 anos, contou que é “tensa e terrível” a situação em Beirute, capital do Líbano, e que está na expectativa de ver se o conflito vai virar uma guerra total na região. Mesmo com a oferta de avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para deixar o país, ele ainda não decidiu se vai voltar ao Brasil.

“A situação é muito tensa e terrível, principalmente no sul do Líbano e no sul e sudoeste de Beirute, região que foi bastante bombardeada e onde continua [os bombardeios]. A cada uma, duas ou três horas sempre tem um bombardeio. No nosso bairro, a gente escuta alguns bombardeios e não tem como trabalhar normalmente. Estamos na expectativa de que vai ter, ou não, uma guerra geral. Todo mundo está triste e chateado”, relatou o brasileiro.

Desde o dia 25 de setembro, Israel tem feito bombardeios massivos no sul do Líbano e sudoeste de Beirute. Estima-se que os ataques dos últimos oito dias mataram cerca de 1 milhão de pessoas e que 1 milhão de habitantes deixaram as suas casas, segundo agências das Nações Unidas (ONU). Na segunda-feira (30), as Forças Armadas de Israel anunciaram uma invasão, por terra, do território libanês.

O libanês-brasileiro Bassam Haddad, em entrevista à Agência Brasil Nesta terça-feira (1), afirmou que os bombardeios ocorrem a cerca de 10 ou 15 quilômetros de sua casa. Além disso, não saberá se voltará ao Brasil por causa do trabalho e da família que vive no Oriente Médio.

“Pensar [em voltar ao Brasil] Eu penso, tenho minhas filhas que são brasileiras e minha ex-mulher que é gaúcha, mas estamos esperando uns dois ou três dias para ver o que pode acontecer. É muito difícil fazer tudo e ir embora, tenho a empresa, a vida toda, minhas filhas trabalham, minha mãe é velhinha. Tem a família inteira aqui, não é fácil ir embora”, comentou.


Brasília (DF), 10/01/2024 - O empresário libanês-brasileiro Bassam Haddad com suas duas filhas que vivem no Líbano e, no telefone, seus dois filhos que vivem no Brasil e na Espanha. Foto: Bassam Haddad/Arquivo Pessoal
Brasília (DF), 10/01/2024 - O empresário libanês-brasileiro Bassam Haddad com suas duas filhas que vivem no Líbano e, no telefone, seus dois filhos que vivem no Brasil e na Espanha. Foto: Bassam Haddad/Arquivo Pessoal

O empresário libanês-brasileiro Bassam Haddad com suas duas filhas que vivem no Líbano e, no telefone, seus dois filhos que vivem no Brasil e na Espanha. Foto – Bassam Haddad/Arquivo Pessoal

Bassam vive no norte de Beirute com as duas filhas que estudam e trabalham no país. Tem ainda um filho que vive em Porto Alegre (RS) e outro que estuda na Espanha. O libanês-brasileiro foi morar em São Paulo em 1983, quando se naturalizou brasileiro.

Ele deixou o Líbano por causa da guerra da década de 1980. Naquela época, Israel invadiu e ocupou o sul do Líbano e parte de Beirute. A ocupação israelense durou até o ano de 2000, quando o Hezbollah – criado nessa época – tomou o controle do sul libanês.

Famílias nas ruas

O empresário libanês-brasileiro viveu 15 anos no Brasil, mas já está há 26 anos de volta no Líbano. Bassam Haddad contou que passou a maior parte do tempo dos últimos dias em casa e que saiu apenas para comprar comida e tentar trabalhar em regiões que ainda não sofreram bombardeios.

“Muita gente saiu de casa sem levar nada, apenas a própria roupa, e agora tem que arrumar moradia e alimentação. Não é fácil, tem famílias inteiras ficando na rua, famílias que têm casas e tiveram que escapar graças aos bombardeios israelenses. Os massacres de Israel bombardearam civis, crianças e mulheres”, denunciou.

Israel alega que os bombardeios e a invasão do território são necessários para desmantelar o poder militar do grupo Hezbollah que, desde outubro de 2023, vem realizando ataques contra o norte de Israel em solidariedade à Faixa de Gaza e aos palestinos. O Hezbollah diz que os ataques só deverão acabar quando Israel ocupar Gaza.

Para o empresário, é falsa a narrativa de Israel de que eles apenas estão se defendendo. Ele entende que Tel-Aviv quer expandir suas fronteiras e subordinar os países vizinhos. Bassam defende que é o Exército Libanês, e não o Hezbollah, que deve proteger o território do país. Porém, avalia-se que apenas o Hezbollah tem poder de fogo para se contrapor a Israel.

“O exército libanês não tem a força e não tem armas. Então, o Hezbollah foi obrigado a trazer e estocar armas, além de aceitar o apoio do Irã, para se defender de Israel. Os israelenses dizem que querem apenas eliminar o Hezbollah. Mas a gente não confia neles. Nós já tivemos experiência com eles. A gente sabe qual é o plano futuro deles. Eles querem que o povo que more na região siga as ordens deles”, argumentou.

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