Da carrocinha à Enfermagem
Felipe Staczak é enfermeiro e dono de uma estética no centro da cidade. Sua trajetória foi de muitos desafios para chegar aonde está hoje, tendo que ajudar a mãe no tratamento de uma doença grave e fazer dinheiro como carroceiro para garantir o sustento da família. Mesmo com muitos obstáculos, nunca abandonou os estudos. Agora o futuro reserva a ele um salto jamais esperado. Felipe se mudará neste ano, acompanhado da esposa e dos filhos, para Montana e depois para Flórida, Estados Unidos, onde dará continuidade a sua carreira como enfermeiro e esteticista.
Como foi sua infância e adolescência e a descoberta da enfermagem?
Minha infância foi um pouco difícil, um pouquinho conturbada por conta da saúde da minha mãe. Minha mãe descobriu um câncer de pele, que se chama melanoma, e precisou se ausentar do trabalho. Os meus irmãos tinham que trabalhar e automaticamente eu cuidava dela em casa, ela não podia se aproximar das panelas, não podia fazer comida, então foi me ensinando, eu tinha 12, 13 anos na época. Aprendi a cozinhar por conta disso, então comecei a ajudar em casa. Tenho mais dois irmãos, a Alessandra e o Jonas. Eu sou o mais novo. Minha mãe não podia trabalhar e eu tinha a questão da escola também, tinha que fazer tudo, estudar, ajudar em casa. Por essa questão, eu comecei a pegar gosto pelo cuidado, porque final de semana minha mãe não podia fazer os curativos, não podia ir ao posto de saúde. O posto infelizmente abre de segunda a sexta, parece que sábado e domingo ninguém faz curativo, ninguém faz nada. Então eu tive que fazer os curativos dela. Via também na época um descaso, porque era um pouco feio de olhar o câncer de pele, era embaixo do olho. Acaba que os próprios profissionais de saúde na época faziam uma cara de receio, para não dizer, entre aspas, nojo. Eu olhava aquilo e dizia, “poxa, se um dia me tornar um profissional da saúde, vou olhar isso com outros olhos, né? Eu vou cuidar com muito carinho de muitas Marias por aí”. Foi aí que comecei a pegar a paixão pela arte do cuidar. Foi bem difícil, porque nesse meio tempo tive que estudar, cuidar dela e trabalhar para ajudar meus irmãos em casa e a minha mãe.
Como foi esse período em que você trabalhou para ajudar sua família?
Aí entrou o lance da carroça. Geralmente ia de madrugada para a Ceasa comprar frutas, de carroça mesmo. Depois chegávamos em casa e organizávamos tudo. Eu vendia durante a manhã e ia para a escola à tarde. Depois de um ano mais ou menos fazendo isso, escolhi vender churrasquinho, pois vi algo melhor financeiramente. Comprei a churrasqueira com o dinheiro da venda das frutas. Vendia churrasquinho em um turno, no outro ia para o ensino médio e no terceiro turno fazia o técnico de enfermagem.
E como foi o processo de entrar na universidade?
Eu sempre falei para minha mãe que queria ser enfermeiro. As pessoas sempre riam, debochavam, porque eu morava em uma periferia, em um lugar de difícil acesso à educação. Hoje a gente tem muita facilidade, mas na época não tinha tanto. E para quem foi criado longe do pai, só com a figura materna, sempre foi muito difícil. Ela sempre falou: “Ó, o único caminho que tem para você chegar ao teu futuro melhor e para a tua família é através da educação”. Ela me estimulou a me manter estudando e fiz o Enem. Fui bolsista na Uniritter.
Atualmente você está fazendo uma carreira, buscando se internacionalizar, certo?
Eu já fiz a minha validação de diploma nos Estados Unidos. Isso foi em agosto do ano passado, uma semana antes de a minha mãe falecer. Tive a honra de mostrar para ela que aquilo foi possível. A minha mãe voltou a ter câncer, então a gente estava tratando de novo esse câncer. Eu ia em todas as quimioterapias, em todas as radioterapias. Uma semana antes de ela falecer, ela estava muito bem, emocionalmente. Lembro que saiu a minha validação do diploma e consegui mostrar para ela isso. Ela ficou muito feliz, se emocionou muito. Ela pôde ver que de fato o filho dela, que antes era um carroceiro, hoje já era um enfermeiro reconhecido nos Estados Unidos. Ela faleceu em 2023, em agosto. Eu conversei com ela antes de iniciar meu processo. Já faz uns dois anos mais ou menos que comecei esse processo de validação nos Estados Unidos. Conversei com ela, porque ela sempre foi minha conselheira. Ela falou: “Filho, vai, educação vai te levar a lugares que a gente nunca pensou em ir, que tu nunca pensou em ir”. Sempre foi assim. E foi exatamente assim.
Minha mãe quebrou a perna e acabou internada no hospital. Eu mesmo tive a infelicidade de atender a minha mãe, porque trabalho no serviço de urgência aqui de Canoas, no Samu. Então eu tive essa infelicidade, mas ao mesmo tempo tive a felicidade dela poder olhar e ver que realmente tudo valeu a pena. Nossa história se encerrou aqui nesse mundo de uma forma muito bonita.
Como está sendo após a aprovação do seu diploma? Quais são os planos?
Chegando lá, quero dar continuidade aos meus estudos. Nos Estados Unidos, tem um plano de carreira no qual existe o enfermeiro anestesista e foi uma das coisas pelas quais me apaixonei bastante. Planejo fazer esse procedimento no meu espaço lá e continuar a educação. Hoje trabalho também com estética e lá o enfermeiro também é muito bem-vindo na área da estética. Eu saio daqui com um contrato assinado já. A gente sai daqui com um sponsor, que a gente chama. E aí o sponsor organiza a questão do trânsito trabalhista. É um contrato de trabalho de no mínimo dois anos.
Como é para você ser referência como primeiro aluno egresso da sua universidade a obter a validação de diploma no exterior?
Eu estava com eles na ocasião de uma palestra que fui dar sobre “educação que transforma vidas”. Foi um desafio muito legal para mim, como enfermeiro hoje, como egresso da universidade, de voltar, ver todos os meus professores. Naquele momento eles estavam me assistindo, escutando minha história, que eles não faziam ideia, nenhum professor sabia da minha história. Isso só veio a público depois da minha formatura. Então, eu consegui falar para todos os professores da área da saúde da universidade o quanto o poder transformador da educação atinge as pessoas. Foi uma emoção muito grande tanto para eles quanto para mim. Falei muito sobre isso, sobre a importância do educador, porque às vezes o professor tem uma turma com 40 pessoas e trata todo mundo meio que no automático, notas, prova, trabalho. Só que às vezes eles têm um impacto muito além disso e a Uniritter deixou isso de legado para mim. Eu chegava muito cansado porque trabalhava no contraturno, né? Às vezes fazia prova meio que dormindo e o pessoal dizia: “Não, a aula está cansativa, Felipe, vai lá, toma um cafezinho, sei que tu estás cansado”. Eles faziam muito isso com os alunos. Eles me estimulavam muito. Eu falei pra eles, se não fosse assim, já teria desistido há muito tempo e a população teria perdido, talvez, um grande cidadão como enfermeiro. Então, pensa no impacto que tem o educador hoje dentro da universidade.
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