Covid-19 finalmente pega Trump e mercados despencam em dia de Payroll: Espresso
O anúncio do presidente americano Donald Trump de que ele e a primeira-dama, Melania Trump, testaram positivo para Covid-19 deve dominar o sentimento de mercado e as manchetes por um bom tempo.
Os ativos de risco, como esperado, sofrem fortes quedas e o investidor, que, valente, ainda resiste ao fluxo de notícias ineditamente negativo neste ano, foge em massa para ativos considerados porto-seguro, como o dólar americano, o iene japonês e os Treasuries.
O comportamento de mercado é compreensível, dado que estamos a quase quatro semanas da eleição presidencial nos Estados Unidos. “A coisa mudou, mas não sei ainda para que lado”, disse um gestor sediado em Hong Kong, cujos mercados estiveram fechados hoje por conta de um feriado nacional, assim como a China e a Coreia do Sul.
Apesar da conversa sobre a saúde do candidato democrata Joe Biden, o foco muda para o bem-estar de Trump e, logicamente, para as contradições do presidente quanto à sua visão sobre a doença.
Se para o gestor ainda não está claro, para as casas de aposta está: desde o anúncio de Trump, pelo Twitter, as apostas de uma vitória de Biden começaram a pagar mais – de fato, subiram US$0,04, para US$0,66, segundo o site Predictit.org.
Olhando para a manhã de hoje, a volatilidade deve dominar as mesas de negociação, com os números da inflação da Zona do Euro, as conversas entre a União Europeia e o Reino Unido sobre o Brexit acontecendo de forma mais rápida e, quiçá o fato econômico mais importante do dia, a divulgação do relatório de emprego privado dos EUA para setembro.
Apesar de as bolsas em Nova Iorque estarem perto de firmar sua primeira alta semanal desde final de agosto, no Brasil seria a sexta queda semanal consecutiva. A alta do iene prejudica as ações japonesas, que voltaram a operar após a paralisação técnica de ontem. O petróleo Brent despenca e opera no menor patamar desde meados de julho.
Para completar, a sexta-feira vem recheada de indicadores importantes tanto no Brasil como nos EUA, a começar pela produção industrial brasileira, que deve ter crescido 3,40% na base mensal em agosto, segundo o consenso TC. Será a confirmação da tão esperada retomada? A conferir.
O IBGE divulga os números às 09h00, horário de Brasília. Meia hora mais tarde, os investidores focam no relatório de emprego americano, o célebre Payroll, que pode mostrar criação de 850 mil empregos em setembro. Também receberemos os dados de variação dos ganhos salariais. Já às 11h00, será a vez das encomendas à indústria de agosto.
No Brasil, o destaque é a videoconferência entre o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o secretário do Tesouro, Bruno Funchal, às 10h00. Hoje sai oficialmente a indicação de Kassio Marques para a vaga de Celso de Mello no Supremo Tribunal federal, que ontem avalizou as vendas das refinarias da Petrobras. O mercado também repercute a oferta subsequente da Suzano e as notícias da Vale.
Arte: Nathália Reiter/TC Mover