Consumidores redobram a atenção para não cair no golpe da fruta às vésperas das festas de fim de ano – Notícias

Com a chegada das festas de fim de ano, os frequentadores do Mercado Municipal de São Paulo devem redobrar a atenção mais para não serem vítimas de engano, extorsão e intimidação durante as compras. Denúncias sobre o ‘golpe da fruta’, aplicado no Mercadão, marcaram o início deste anoe as tentativas continuam relacionadas pelos visitantes do espaço.

De acordo com o diretor de fiscalização do Procon-SP, Carlos César Marera, as denúncias suspeitas entre o fim de 2021 e o começo de 2022, além de diversos relatos registrados nas redes sociais.

No momento em que são atraídos, o comerciante monta uma bandeja e praticamente obriga a pessoa a pagar R$ 200, R$ 300 em meia dúzia de fruta”, afirma.

Embora os consumidores não sejam obrigados a comprar os alimentos, a dificuldade se dá pelo constrangimento e pela intimidação feita por alguns consumidores que chegam a ameaçar visitantes que passam pelas bancas, aceitam experimentar as frutas, mas não tem a intenção de adquirí-las.

Como forma de manifestar a indignação nas redes sociais, alguns visitantes afirmaram que prefeririam sair de frequentar o Mercadão, outros ainda se arriscam, mas tomam mais cuidado para não serem vítimas do ‘golpe da fruta’.

“Lá tem uma variedade de coisas que você não vê em qualquer lugar e é por isso que ainda arrisco a ir, mas há uns meses fui chamada de ‘pobre’ por um vendedor porque não quis pagar R$ 100 por uma bandeja de pitaya ”, relata Elaine Bezerra.

A enfermeira disse ao R7 que foi ao Mercadão em fevereiro para comprar itens para uma confraternização familiar. “Tudo escreveu bem até eu chegar em uma banca. Lá, o vendedor começou a gritar comigo, todo muito ficou olhando, foi estranho.”

Apesar de ter se sentido incomodada, Elaine diz que pretende ir ao local fazer compras para a festa de Natal, mas tomará mais cuidado e selecionará “muito bem as bancas de frutas por onde vai passar”, concluiu.

Em razão da constância das denúncias e relatos de consumidores insatisfeitos, o Procon-SP precisou intervir e, em março deste ano, fez uma operação contra esse tipo de atendimento para fiscalizar os valores dos produtos, assim como a dependência dos preços. “A forma como alguns vendedores atendem deixa o cliente constrangido, aí junta dois ou três e o atendimento fica ainda mais intimidatório, o que faz muitas vítimas pagarem por medo, mesmo sem querer”, diz Marera.

No dia 23 de março, os fiscais do órgão visitaram 46 estabelecimentos e autuaram 18 (39%) por desrespeitarem o Código de Defesa do Consumidor. Entre as irregularidades encontradas, o quesito “falta de informação do preço” ocorreu no maior número de barracas: 12.

Segundo o diretor de fiscalização do órgão, antes mesmo da operação, a administração do Mercado Municipal havia fechado cerca de seis bancas de fruta devido a esse tipo de ocorrência e, quando o Procon fez a fiscalização, alguns comerciantes ficaram receosos.

O objetivo, porém, era “tirar a fama ruim do Mercadão para que os demais trabalhadores, honestos pudessem, ficaram com as vendas”, pondera o diretor.

Golpe da maquininha

Além das ameaças e intimidações, alguns clientes relataram nas redes sociais que foram vítimas do ‘golpe da maquininha’, quando o vendedor informa um preço e altera esse valor na hora do pagamento, sem que a pessoa percebesse.

O alerta que o Procon faz está sempre atento ao valor que está digitado na máquina de cartão. Segundo um comerciante do local, que preferiu não ser identificado, há casos em que o vendedor digita errado o valor e não percebe. “Pode ser um valor maior ou menor”. Há, no entanto, aqueles que fazem isso para conseguir extorquir o consumidor.

Prejuízos aos comerciantes

Em março, uma reportagem do R7 esteve no Mercadão para ouvir os comerciantes. Sem se identificar, alguns deles falaram sobre os efeitos financeiros que o golpe teve sobre os negócios.

“A gente pensou que ia se recuperar dos estragos que a pandemia nos causou, ficaram fechados por um tempo, depois as pessoas ficaram com medo de vir para cá por causa da Covid e, agora que estava tudo indo para frente, veio isso”, disse um vendedor.

Outro comerciante afirmou ter conhecimento sobre os golpes aplicados no local. Ele ressaltou, porém, afirmou que as denúncias se disseminaram afetando comerciantes que trabalham licitamente no local.

Durante os meses em que os relatos foram registrados, houve uma diminuição significativa de visitantes no Mercadão, afetando todo o comércio no local. “A gente tem que deixar claro que não são todos, mas, sim, alguns que têm atitudes que não se igualam com a da maioria, que é trabalhar corretamente, fazer a negociar sem enganar ou ameaçar ninguém”, pondera César Marera.

A gestão do Mercado Municipal não se pronunciou até a publicação desta reportagem.